A CASTANHA GEORGINA
Era dia de São Martinho e a castanha Georgina ia passear pela cidade.
Encontrou um grupo de amigas que antigamente tinha andado com ela na escola, e como as reconheceu, aproximou-se e cumprimentou-as dizendo:
-Vocês não são o grupo das “espertinhas” da escola?
-Sim somos, e tu não és a rapariga que não tinha amigas? - Disseram elas logo convencidas.
A castanha Georgina não lhes ligou, porque não se queria lembrar do mau bocado que tinha passado na sua infância, sem amigas. Virou costas e continuou a andar. Ela só tinha tido uma amiga, a Teresa, que tinha o mesmo problema que ela. Ela morava mesmo ao seu lado, tinha sorte.
A castanhinha, coitada, não tinha pais nem irmãos. Os seus pais morreram o ano passado porque foram assados também no dia de São Martinho.
Ela andava à procura da Teresa porque elas adoravam brincar juntas no parque. Encontraram-se mesmo lá e começaram a brincar. A Teresa ainda tinha pais e um irmão e a família toda estava lá. A castanhinha sentia-se muito bem quando estava perto daquela família, que era como se fosse a sua família.
Até que um dia, a Teresa perguntou aos pais se podia ter uma irmã. E os pais responderam assim:
-Não é assim tão fácil como tu pensas, filha. É preciso ter muito dinheiro para cuidar dela e até nem somos nós que escolhemos se é menina ou menino. É complicado, filha! - responderam os pais.
A Teresa queria muito ter uma irmã, então não desistiu da ideia e foi para o quarto. Começou a pensar e teve outra ideia. E foi a correr ao pé dos pais e repentinamente disse:
-Pai, mãe, tive uma ideia: e se nós adoptássemos a Georgina, a minha amiga? Por favor, assim já sabemos que é menina e não é nem calma demais nem desalvorada demais. E que tal?
Os pais acharam boa ideia, mas o irmão é que não achou muita piada e pensou assim: "Irra, já não bastava uma chata cá em casa, quanto mais duas", mas depois deu uma oportunidade à Georgina.
Foram a sua casa e perguntaram se ela queria ser uma deles. E a castanha Georgina ficou tão contente que ia desmaiando e respondeu:
- É claro! Têm a certeza? Não vos quero deixar mal!
-Sim, temos. Responderam em coro.
-Ok, então vou fazer as malas e obrigada.
Assim foi, a Georgina fez as malas e foi para casa deles.
A Teresa ficou em tal excitação que só pensava em brincar com a amiga. E depois a castanhinha ficou a chamar-se Georgina Antunes porque era a o nome da família, a família Antunes.
Tomás Antunes (Novembro de 2010)
1 comentário:
Parabéns Tomás!
O texto está espectacular!
Beijinho apertado
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